Entre os confins mais elevados do deserto, onde o oxigênio rareia e o vento sopra verdades antigas, estão as lagoas altiplânicas — jóias líquidas incrustadas no coração do Atacama.
Nessas altitudes extremas, a vida resiste com uma elegância improvável. Flamingos andinos caminham lentamente pelas margens salobras, tingindo de rosa o silêncio da paisagem. É como se dançassem para o próprio céu, refletido perfeitamente sobre a superfície imóvel da água.
O verde intenso das algas e o amarelo pálido da vegetação contrastam com as montanhas áridas ao fundo, criando um cenário quase onírico. As lagoas altiplânicas são oásis que não oferecem abrigo, mas contemplação. Não são feitas para mergulhos, mas para pausas profundas.
A água aqui não corre — repousa. E é nesse repouso que a gente escuta algo raro: a harmonia entre brutalidade e beleza.