Fendas do Tempo

Memórias Gravadas na Pedra

Deserto do Atacama
Gnomesteps

Quando cheguei à base da colina, senti o peso da história. No topo, uma cruz solitária e esculturas que remetem aos povos indígenas que sofreram sob o jugo colonial. Ao redor, a aridez do Atacama parece contar essas dores milenares em silêncio.

O Pukará de Quitor, a poucos quilômetros de San Pedro, é mais do que ruínas — é um testamento da resistência atacameña. Lá em cima, entre ventos frios e terra branda, a cruz representa talvez o ponto onde fé e violência colidiram.

Mas foi ao pôr do sol que tudo se transformou. A luz dourada tocando as pedras, o deserto inteiro mudando de cor — do vermelho ao violeta, do laranja ao cinza suave. Foi, sem dúvida, um dos entardeceres mais belos que já vi na vida. E naquele silêncio absoluto, com o céu queimando devagar, senti que a história e a beleza coexistem ali… como se cada grão de areia carregasse um sussurro ancestral.

O Atacama não fala — ele revela.